O FILHO ETERNO - CRISTOVÃO TEZZA
Editora Record, 2007
223 p
Acabei de ler, num fôlego só, "O filho eterno" do escritor catarinense Cristovão Tezza (1)
Sei que uma leitura dessa forma não traz instrumentos suficientes para uma boa análise, mas a primeira leitura percebo uma densidade saborosa da narrativa sobre um pai que vê desabar seu mundo após o nascimento de um filho especial. Um filho com "Sindrome de Down"
Durante toda a narrativa, o pai mostrará as dificuldades e as conquistas ao tentar compreender e conhecer melhor seu filho e consequentemente a si próprio.
O leitor é convidado a conhecer esse construção de vida entre pai e filho e, no meio desse caminhar, flash do passado do pai (personagem que não tem nome específicado no livro como a maioria dos outros personagens) vai sendo esmiuçado e fundido na realidade do filho, Felipe.
À primeira vista, percebo uma criação sensível e intimista sobre os conflitos do homem, mascarados pelas ambições, sonhos, desejos e concepções construídos na sociedade onde se faz, o pai, sujeito. É quando chega aquela hora, a "desgraça" ou a "tragédia", que sacode ou tira-o da rota. Então tudo muda. Nada é mais cômodo. Claro está que ninguém espera ter um filho down, renal, diabético ou com outras "anormalidades". Mas o que é ser normal? Aceitar o que a sociedade nos propõe como normal? Ou normalidade é a construção contínua de sentido para a nossa vida, nossa existência?
Pode até ser que o texto seja uma autobiografia, como destaca alguns estudiosos (2) e receba críticas negativas, afastando-o dos textos literários, da magia metafórica das palavras encantadas, aproximando-o aos compêndios de autoajuda. No entanto, há encantamento e fantasia no texto de Tezza, que produz um mundo aparte, que dialoga com sua realidade, tentando reconstruir sentidos perdidos e exaltando vitórias conquistadas. Não seria exagero lembar de Camões narrando a bravata portuguesa em "Os Lusíadas"
REFERÊNCIAS LINK
(1) CRISTOVÃO TEZZA
(2) ESTUDIOSOS
(3) OS LUSÍADAS
