sexta-feira, 26 de abril de 2013

Independência intelectual - por uma ação pedagógica mais crítica




           

Independência intelectual - por uma ação pedagógica mais crítica

            Muitas vezes tenho acompanhado debates calorosos de vários especialistas sobre a realidade educacional brasileira. Cada um, seguindo suas correntes teóricas, tem pregado suas crenças para uma nova pedagogia que, muitas vezes, podem ser confundidas como panaceia para as instituições escolares.
            Pior do que isso é quando, professores coordenadores pedagógicos, supervisores, diretoria de ensino e até mesmo as secretarias de ensino acreditam que a panaceia existe e que as teorias, dos renomados estudiosos espalhados pelo mundo, são a solução para os problemas educacionais brasileiros.
            Em volta dos índices baixos da educação relatados pelas últimas avaliações externas - SARESP, SAEB E ENEM - percebe-se que o caminho defendido não tem dado muitos resultados positivos. E isso está a banho-maria desde o descobrimento de nosso país, desde a educação inaciana, passando pelo acordo MEC/USAID até as teorias que se tornaram métodos pedagógicos por causa de alguns espertalhões.
            Mas o que não tem acontecido, e que, talvez, poderia ajudar, e muito, numa elaboração de novos métodos pedagógicos, foi ouvir as vozes internas de cada instituições. Para isso, necessário é que possibilite a democracia no processo educacional (pressuposto carregado e defendido desde 1960 com os protótipos das LDBs), autonomia e pensamento crítico.
            A democracia na instituição educacional ainda será uma realidade a ser alcançada por um processo muito longo de debates, lutas, derrotas e conquistas, já que vivemos numa sociedade temerosa pela democracia. Não sabemos o que fazer com ela e, por isso, os que podem nos conceder esse vislumbre, evitam em nos atemorizar.
            A autonomia, num estado de direito, confundidos por deveres, numa sociedade amoral que acredita ainda na moralidade e que não tem noção da ética, precisa ser muito bem discutida e fundamentada.
            Já o pensamento crítico, que é a liberdade de pensar de forma autônoma, fundamentando as razões individuais e/ou coletivas até então construídas pelo sujeito, longe do alcance da maioria dos educadores produz um status de animosidade que, beirando ao ridículo, permite o estabelecimento do status quo.
            Creio que a educação só poderá mudar quando os professores tiverem a possibilidade de pensarem criticamente. Tiverem autonomia de pensamento e exercerem essa habilidade em prol da coletividade educacional. Não digo que os professores não pensam criticamente, mas submetidos a um cotidiano totalmente alienante e burocratizado, o pensamento crítico torna-se refém das amenidades e determinações superiores, esses que têm pensamentos em números como se gerissem empresas caçadoras de lucros.
            Para quem não compreendeu a defesa proposta por minha prolixidade, resumo em tópicos:

* Os educadores precisam começar a utilizar sua habilidade crítica para pensar a educação em que vivem,
* Pensando criticamente podem exercer a autonomia tão necessária para o desenvolvimento de cada instituição,
* Criando autonomia, transmitem autonomia e com isso proporcionam a democracia tão necessária para o modelo de educação proposto pela LDB/1996.

            E só assim, possibilitando esses primeiros passos, deixamos de ser reféns de modismos e estrangeirismo, entendendo nossa realidade e inovando em prol de uma educação mais efetiva.
É isso.

Valdir dos Santos Lopes
Formado em Letras
Graduando em Pedagogia pela UNESP/Univesp
Psicopedagogo – clínico e institucional

CRÔNICAS PARA LER NA ESCOLA - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO





Crônicas para ler na escola - Ignácio de Loyola Brandão
Autor: Ignácio de Loyola Brandão
Organização: Regina Zilberman
Editora: Objetiva
 Rio de Janeiro 2ªed., 2010
CRÔNICAS


            As crônicas têm o poder de congelar os momentos corriqueiros para que possamos, com mais cuidado, apreciar coisas que não mais percebemos ou, por causa do cotidiano cada vez mais alienante, deixamos de valorizar. Um bom exemplo é um bom banho de chuva.
            Homem feliz na chuva” é um exemplo de desejo que muitos não têm coragem de satisfazer. Loyola narra a libertação de nossa infante alma contra as opressões de nossas circunstâncias. O mesmo ocorre em “A sala dos livros mortos” onde a funcionária de uma biblioteca resgata, um por um, os confinados a uma prisão doentia perpetrada pela burocracia.
            Quase um diálogo com o leitor, os escritos de Ignácio de Loyola Brandão são um convite para adentramos nas profundas percepções do escritor, suas reflexões e descobertas. A confusa jornada da “Menina que queria visitar a tia” e não sabia ao certo para onde ir e para onde voltar ou o homem que dava “Marteladas na cabeça”, na cidade de São José de Rio Preto, só para sentir o alívio que sentia quando as marteladas cessavam.
            O prazer em ler narrativas desse teor está na constatação de nossa fragilidade humana, próximas de nossa realidade angustiante e torturadora por causa de nossas ansiedades, medos, receios (Vestibular. Que Canseira!), vícios e manias (Uma academia na madrugada), curiosidade ou invenções (O raro besouro que abre portas) e em nossas demências (A velha que odiava os raios).
Todos reunidos numa bem feita organização elaborada por Regina Zilberman, estudiosa sobre literatura, muito respeitada nos círculos acadêmicos.

“E se o se se concretizasse” p. 78 – Crônica: Vestibular. Que canseira!

Valdir dos Santos Lopes
Professor de Literatura