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Muitas pessoas, na época escolar, já
temeram o termo “avaliação” e até ficaram doentes na véspera da prova. E isso
não é por acaso, já que esse instrumento educacional tem sido aplicado de forma
punitiva, em vez de formativa.
Punitiva porque os alunos que não iam
bem nas provas eram taxados de preguiçosos, indisciplinados e, até mesmo,
burros. Antes das mudanças trazidas pelo “Programa Progressão Continuada” (não
vou entrar no mérito da questão) e da “Recuperação Paralela” os repetentes eram
até mesmo segregados às salas dos mais fracos. Geralmente em salas que
correspondiam as letras D, E, F.
Essa cultura autoritária e repressiva,
apesar dos avanços dos estudos acadêmicos, ainda está presente na maioria das
escolas.
FORA
DO MURO DA ESCOLA
O medo da avaliação não ficou só dentro
das escolas. Depois de formar uma cultura autoritária e repressiva em milhares
de mentes, disseminou-se por toda sociedade.
Trabalhando em uma fábrica, o operário
já estará ciente que será avaliado por um superior, constantemente.
E muitas vezes quando surpreendido por
um erro, até mesmo intencional, torna-se alvo de recriminações e ameaças.
Sujeito a assinar advertência, que, por sua vez, será motivo para o trabalhador
não participar da progressão salarial.
Numa loja de departamento, outro
exemplo, sempre há quem esteja de olho na falha do outro. Não para socorrer e
corrigir, mas para surpreender e punir. Assim, tem condições de subir (seja lá
pra onde) no emprego.
E
O TIRO SAI PELA CULATRA
Se a intenção de uma avaliação dessa
era reformar o comportamento da vendedora, do empregado ou do aluno, para que
desenvolvam um trabalho melhor, na verdade produz baixa autoestima, aversão
contra o avaliador e contra a instituição ou empresa, desprazer em realizar as
atividades, diminuição da autoconfiança, inimizade. E daqui em diante inúmeras
situações negativas.
Um péssimo sinal para uma empresa,
porque esse estado de coisa é contagioso. A qualidade da produção cai, a
relação humana fica insustentável e, logo, corre o risco de demissões ou
greves.
Para a escola, o mesmo estado negativo
provoca desmotivação nos alunos, falta de autoconfiança no processo de
ensino-aprendizagem. Os alunos começam a manifestar irritabilidade e desprazer
com as atividades pedagógicas e com a escola.
DAS
AVALIAÇÕES FORMATIVAS
Todas as avaliações deveriam ser
formativas e diagnósticas. Isso significa que o momento avaliativo serve para
identificar dificuldades, buscar soluções. Encontrar aprendizado e competência
dos alunos e planejar ações diante resultados obtidos.
Se por acaso um aluno não consegue
fazer operações multiplicativas, com a avaliação o professor deverá ser capaz
de planejar meios para efetivar o aprendizado da criança.
Numa fábrica, o supervisor deverá usar
as avaliações rotineiras para identificar pontos problemáticos e propor
soluções para eles. Culpabilizar nunca solucionou problemas de produção. No
entanto, uma equipe motivada, organizada e coesa, com um supervisor capaz de
comunicação e relação afetiva pode, juntos, buscar soluções e aumentar a
eficiência.
Já um professor capaz de usar a
avaliação formativa e diagnóstica terá condição de entender seus alunos, se
aproximar deles e ajudá-los o quanto for necessário. Aumenta, assim, a
confiança que o aluno tem pelo professor. E também a admiração e respeito.
SARESP/PROVA
BRASIL/ENEM
Já ouvi muitos professores preocupados
com as pontuações que a escola recebe no SARESP ou na PROVA BRASIL como se
estivessem numa competição entre escolas.
Muitas vezes os dados dessas provas não
são trabalhados com os professores para adequar planejamento escolar e o
Projeto Político-Pedagógico. Conheço, até, escolas que não têm um Projeto
Político-Pedagógico.
Pode até ser que essas provas sejam classificatórias,
como o ENEM, para que o candidato alcance uma vaga desejada. Mas o SARESP, a
PROVA BRASIL e, até mesmo, o ENEM trazem dados ótimos para nossa autoavaliação.
Com esses dados podemos identificar nossas dificuldades e buscar meios de solucionar.
Não para ganhar uma competição que não existe. Mas para ser cada dia melhor do
que antes.
A
RELAÇÃO HUMANA NA ESCOLA
Paulo Freire muitas vezes em seus
textos denunciou as instituições escolares tradicionais e repressoras, de uma
educação bancária, pautada numa relação hierárquica e autoritária.
Num exemplo bem simples, o diretor é
intransigente com o professor. O professor é rude com o aluno. E em quem os
alunos irão descontar? No cachorrinho?
Há climas de medo entre funcionários e
vendedores com supervisores que muitas vezes usam seus cargos para oprimir e
até tirar vantagem de seus trabalhadores.
Na escola, educadores acabam retraídos
com uma gestão repressora. E muitas vezes a gestão utiliza de avaliações
tendenciosas para punir funcionário que não se enquadram com os princípios da
direção.
AUTORIDADE
NÃO É AUTORITARISMO
Muitas pessoas, principalmente
educadores, confundem AUTORIDADE com AUTORITARISMO. E acredito que essa
confusão é base dos principais problemas presente nas relações humanas e
educacionais.
Enquanto AUTORITARISMO é uma força
violenta de alguém para subjugar outra pessoa, AUTORIDADE é o poder dado a
alguém, pelos seus companheiros, por causa do conhecimento e competência
demonstrados.
Exemplificando: Na escola, o professor
só tem autoridade sobre os alunos, se os alunos reconhecerem que o professor
tem conhecimento e competência para fazer o que se pretende.
Já o professor é autoritário, pois
precisa impor uma força de coerção sobre os alunos. Os alunos, como percebem a
incapacidade do professor, não concedem a autoridade.
O mesmo acontece com o Prefeito e os
vereadores eleitos. O poder que eles têm não é propriamente deles, mas
concedidos pelas pessoas que reconhecem o conhecimento e a competência dos
representantes.
É isso!