sábado, 18 de maio de 2013

TODO O SENTIMENTO - CHICO BUARQUE



A "arte é inútil" e com esse pressuposto, Chico Buarque nos introduz uma das grandes e pequenas contradições permeadas em suas composições. “Todo sentimento do mundo” me faz lembrar “Tom Jobim” e sua poética amorosa. De um homem recatado, decaído, amoroso e querendo ser amado. Mas claro tudo isso é minha interpretação, até porque a arte é inútil, não há  utilidade social que se tem de imediato e esperado sofrivelmente pelas pessoas no dia-a-dia. Mas serve para parar num dado momento e pensar naquele encontro que se teve. Como a arte, o amor, diria eu, também é inútil.



Todo o Sentimento


Chico Buarque

Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente.
Preciso conduzir
Um tempo de te amar,
Te amando devagar e urgentemente.

Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez,
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez.

Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente...
Prefiro, então, partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente.

Depois de te perder,
Te encontro, com certeza,
Talvez num tempo da delicadeza,
Onde não diremos nada;
Nada aconteceu.
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu.




Cheio de contradições, essa letra me espanta. Isso é poesia e nenhum professor de literatura me apresentou na sala de aula e em contra partida conheci Olavo Bilac. Nada contra, mas contrariando as expectativas pedagógicas, preferiria Chico Buarque. A sonoridade em si é linda de morrer. Um bailado leve e sereno, carregando você como o mar, todo manhoso, mas também de uma força de arrebatamento, como os olhos de Capitu. Rápido e manhoso. Eu não sei o que essa música tem a ver com Paris... talvez a cidade romântica do mundo... Acho que tem a ver com Penápolis, foi aqui que senti meu primeiro e verdadeiro amor, ou qualquer outra cidade onde eu conhecesse alguém que me fizesse estar encantado... Acho que qualquer cidade onde sempre eu tenha a experiência nova de um primeiro e verdadeiro amor.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

XEPA



             




Aproveitando o embalo da nova novela da emissora de televisão Record, a Dona Xepa, remake da novela global de 1970, busquei compreender o significado dessa palavra tão brasileira: “Xepa”. Segundo o Mini Aurélio Escolar (Século XXI) publicado pela Editora Nova Fronteira (2004), Xepa é:

(Ê) sf. Bras. Pop. 1. Comida de quartel. 2 As mercadorias vendidas ao término das feiras, geralmente mais baratas e de qualidade inferior. p.761


E o dicionário Online que uso frequentemente, o Dicio.com, também comunga com as definições do Aurélio.

O interessante é saber a origem desse nome. Sendo uma palavra popular brasileira, talvez um modo de falar regionalista, pode ser muito difícil descobrir a origem dela. Mas quem sabe onde encontrar poderia dar um toque, né?

 Há outras expressões também interessantes como “bater uma xepa” ou significados diversos como “livros velhos” e “cirurgias”. No site dicionário informal se encontra uma discussão legal sobre isso. Mas é claro que a novela utiliza do termo ali exposto pelo Aurélio.
 
 Outro fato que me deixou saudosista, acompanhando o clima da nova novela. Minha cidade já não tem uma feira tão empolgante, com movimentos dominicais frenéticos e desfiles de carrinhos de duas rodas, como tinha na minha época de infância.          

 Não sei se a minha empolgação diminuiu ou se os hipermercados e suas feirinhas venceram a batalha mercadológica. Há ainda alguns pontos que tentam sobreviver em meios aos gingantes do capital. Mas até quando?

É isso.

Dir