quinta-feira, 18 de março de 2010

ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE O PROFESSOR BRASILEIRO


Com base nos resultados do Censo Escolar da Educação Básica 2007


Professor é aquele que rege uma classe de educação em diferentes níveis ou modalidades. Essa é a definição exposta no Estudo Exploratório sobre o Professor Brasileiro:


"Considera-se como tal o indivíduo que, na data de referência do levantamento, atuava como regente de classe da educação básica, em suas diferentes etapas ou modalidades de ensino. Isto é, professor é o sujeito que estava em sala de aula, na regência de turmas e em efetivo

exercício na data de referência do Censo Escolar." p.17


Documento elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - Inep, órgão que realiza anualmente o Censo Escolar da Educação Básica


Expõe o perfil do professorado brasileiro da Educação básica nos níveis da Educação infantil (Creche, Pré-escola), Ensino fundamental (Anos iniciais e Anos finais) e Ensino médio. O documento apresenta informações do total de 1.882.961 docentes com gráficos ilustrando comentários sobre as características principais desses docentes como idade, cor, formação, escola onde leciona (pública ou privada, municipal, estadual ou federal, urbana ou rural, matutina, vespertina ou noturna), disciplina que leciona entre outros


Podemos ver algumas pontuações interessantes a respeito do docente brasileiro como:


"1.507.096 trabalham exclusivamente na rede pública de ensino... 16,4% dos professores atuam exclusivamente na rede privada,... um total de 309.644 docentes" p.25


Esses dados são válidos para conhecermos a população professores do país a fim de implementar políticas positivas que possibilitem melhorias para o processo ensino-aprendizagem do Brasil

"A caracterização do cotidiano dos professores brasileiros é fundamental para a compreensão dos aspetos que condicionam seu trabalho pedagógico, a estrutura e a organização das escolas e as condições de aprendizagem dos alunos." p.23 e 24


Dados que mostram que 90% possuem licenciatura - formação adequada para atuar na educação básica, segundo a legislação educacional vigente" p. 26 pode trazer questionamento como: por que a educação não atinge bons resultados em avaliações internas e externas (SARESP, PROVA BRASIL, ENEM, ENADE)? Podemos levantar hipóteses de que não é mais necessário apenas preocupar-ser com a formação inicial, mas, também, com a formação continuada desses professores e que é necessário dar condições materiais, financeiras e humanas para que esses mesmos professores possam se formar continuamente.


Esse documento ainda nos expõe que "Os denominados 'professores leigos' (sem formação mínima para exercer a docência) formam um contingente de 119.323 docentes (6,3%), distribuídos em todo o País" p. 26. Evidentemente que se percebe um grande movimento legislativo de diminuir cada vez mais o número de professores sem formação, dando-lhes condições de, além de se formarem, aprimorarem seus conhecimentos para oferecem um trabalho de maior qualidade. Não é apenas interesse dos Governos Federal, Estaduais e Municipais, mas de todos os membros de uma sociedade que busca um aprimoramento do grupo social onde vivem.


Outros dados interessantes encontramos nesse documento como:


"As áreas de formação superior com maior número de professores em relação ao total de docentes são: Pedagogia (29,2%), Letras/Literatura/Língua Portuguesa (11,9%), Matemática (7,4%) e História (6,4%)" p.26

O que nos faz perguntar a respeito das outras disciplinas. Como se dá a formação de professores de outras disciplinas? Quem são os professores dessas disciplinas e por que essas disciplinas têm um menor número de professores?


"As áreas de formação de nível superior com maior número de professores são: Letras/Literatura/Língua Portuguesa (15,4%), Matemática (11,4%), História (8,8%), Pedagogia/Ciências da Educação (8,7%), Letras/Literatura/Língua Estrangeira (7,5%) e Geografia (7,2%).p.41

Sobre a carga horária do professor, há índices interessantes.

"Quanto a um possível indicador de carga de trabalho, que é o número de turmas que cada professor rege, a maior parte dos docentes (85,5%) é responsável por até duas turmas. Os resultados indicam que 69,1% deles atuam em apenas uma turma; quanto às disciplinas, 73,6% lecionam em cinco ou mais disciplinas." p.36


O que me parece confirmar a hipóteses de que o professor precisa se dedicar a mais de uma turma, o que sensivelmente pode interferir no seu desempenho. Claro que é necessário analisar outras circunstâncias, mas devemos reconhecer que o nosso professor brasileiro, devido à baixa remuneração, precisa se desdobrar em várias turmas para poder ganhar o mínimo para a sua sobrevivência.


Por fim, o Estudo traça um perfil do professor:


"O professor 'típico' no Brasil é do sexo feminino, de nacionalidade brasileira e tem 30 anos de idade. A raça/cor é não-declarada, possui escolaridade de nível superior (com licenciatura) e sua área de formação é Pedagogia ou Ciência da Educação. Leciona, predominantemente, a disciplina Língua/Literatura Portuguesa, trabalha em apenas uma escola, de localização urbana, e é responsável por uma turma com 35 alunos em média" p. 48


A respeito da classificação raça/cor não-declarada o documento sinaliza que "Em 2007, o atributo mais freqüente foi a cor/raça 'não-declarada' (51,01%), seguido de 'branca' (32,36%), quando se considera o número total de docentes da educação básica.”


Nesse quesito podemos refletir o porquê do alto índice de professores escolherem a opção de cor/raça "não-declarada". De muitas razões podemos enumerar algumas hipóteses como contexto sociocultural, consciência individual sobre a temática racial como sinaliza o documento


"Algumas limitações encontradas no estudo devem ser registradas. o grande percentual de respostas ao quesito raça/cor na opção 'não-declarada', 51,1% em toda a educação básica, merece estudo específico a respeito de suas causas. Estas podem estar associadas às inexistências ou dificuldade na coleta das informações, à rejeição do declarante às distinções oferecidas (branca, preta, parda, amarela, indígena) ou, ainda, a contextos socioculturais, que, além de repercutirem as disparidades entre municípios e regiões, podem limitar ou ampliar a consciência individual sobre a temática racial. Mesmo assim, os resultados obtidos refletem, ainda que modestamente, a diversidade étnica da constituição da população brasileira." p.49


A importância desses dados quantitativos, como já foi dito, é para podermos visualizar a situação em que se encontra o quadro de professores de nosso país e propor políticas positivas de apoio e melhoria para o processo ensino-aprendizagem. A Educação é tema urgente para uma sociedade que se pretende moderna. É inconcebível aceitarmos disparidades regionais e sociais onde encontramos cidadãos excluídos do efetivo processo educativo.

VALDIR DOS SANTOS LOPES

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